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30 de set. de 2010




Teu cheiro agorinha veio e me acertou em cheio
E me completou o vazio no peito
E não se aguentava mais de te querer
De novo, aqui e assim pra sempre

Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti
Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti

Como é que alguém consegue estar de todo alheio
Ao tanto que correndo perco o freio
Feito um vagabundo minha vida é só te ver
Onde antes não estavas tão presente

Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti
Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti

Quando vi que ser feliz era não querer te ter pra sempre
Eu senti ter naquele instante que já era eterno o suficiente
Quando vi que ser feliz era não querer te ter pra sempre
E senti ter naquele instante que já era eterno...

Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti
Uma onda assim me carrega pra onde quer
Quisera eu fosse pra junto de ti

26 de set. de 2010

Indo


Eu te perdi. Perdi-te na passarela de um dia nublado, em meio a uma multidão de transeuntes. Os carros passavam logo abaixo, com luzes que seguiam em direção ao infinito. Como zumbis as pessoas corriam para suas casas, fugidas de suas rotinas estudantis, vagabundas ou trabalhistas. Tentei contar os passos para não entrar em transe, tentei te dar as mãos. Em sua busca apalpei o ar denso daquela noite úmida, cortei pessoas, cortei-me, ultrapassei-me... alcancei o meu limite sem me dar conta. O corpo suava, os olhos suavam. Eu sentia a minha pulsação enquanto notava que a correnteza de gente prosseguia naquele ritmo frenético, como se fossemos veias interligadas. Eu te perdi mas não conseguia parar. Vi tantos rostos que, em minha mente, arruinei o que seria a sua composição. Senti vazio, vertigem e frio. Não te senti. Tremula uma das mãos procurou o apoio da barra metálica da passarela, era melhor ter o apoio de algo concreto. A mão gostou de experimentar a aspereza do metal de tinta descascada. Foi namorando a dor que te avistei mais à frente, caminhando tranqüilo, sem olhar para trás. Pensei em te chamar e acelerar o passo, mas quando os lábios se abriram para gritar o seu nome, ele morreu ainda no céu da boca, sufocado por um beijo também perdido. As pernas cederam a tentação e pararam, elas igualmente sentiram o abalo da ressurreição. O mar de pessoas se tornou calmo até cessar por completo. Mais à frente você seguia, ou eu achava que assim fosse, já não podia ver, os olhos estavam fechados tentando se afogar naquilo que não fosse despedida.


Ilana Copque

15 de set. de 2010

Milágrimas



Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milagrimas.


Alice Ruiz

7 de set. de 2010

Quase certeza


"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."

-Caio Fernando A.