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31 de dez. de 2009

2010


Imagem da internet


Bem, não vou dizer que 2009 foi 100%, mas com certeza foi um ano de descobertas e mudanças. Que 2010 seja ainda melhor. Feliz ano novo, galera.



27 de dez. de 2009

Instantes




© Ilana Copque/ Sobradinho- BA

Finalmente um dia para enfim aproveitar a câmera nova. AHHH merecidas férias

22 de dez. de 2009

To passando...

Eu passei o amor no alho e olho. O amor passou por mim e foi-se embora. Ele me olhou com aqueles olhos de nada, amando-me demais para que a contenção se sentisse satisfeita. Eu não amei o amor, mas amei o meu principio de insanidade, no momento controlado por camisas de força. A loucura proveio daquela paixão desgraçada, que conseguiu uma brecha na minha agenda lotada. Ela me seduziu e aplicou cor a cada minuto tedioso do meu dia-a-dia. Não gosto de ter um arco-íris como realidade, por isso também passo a paixão. Passo-a seca na frigideira, sem acompanhamento algum, que é para propositalmente queimar. Que levem embora esses sentimentos que mudam de acordo com a avaliação que faço antes, durante ou depois dos meus relacionamentos. Egoísta e eternos insatisfeitos é o que nós somos: se amamos, queremos ser amados; se nos amam e não os amamos, não é o suficiente; se não amamos, procuramos o amor; se é amor e não tem paixão, perde a graça; se é paixão e não tem amor, consome e arrasta, passa... To passando!

17 de dez. de 2009

As escovas de dentes


A intimidade das escovas de dentes. Cria-se intimidades a partir das escovas de dentes. Um par de escovas de dentes. Fio dental quebra o clima. Sim, os ocidentais é que são complicados, no fundo a culpa não é das escovas, mas de toda essa balela sobre contubérnio. As escovas que penteiam os dentes, que enxáguam os dentes. Elas não são intimas, talvez chegadas, vizinhas, próximas... A visita da escova de dentes; ela era rosa. Rosa era a escova que visitou sua semelhante. Rosa...

10 de dez. de 2009

Rachando a conta


Rachar a conta nem sempre é uma operação tão fácil quanto parece. Quando se trata de cartões então, a coisa complica. Às vezes, quando a cobrança não é feita por comanda, a conta do buteco é dividida igualmente entre os componentes da mesa, e quem consumiu pouco acaba saindo no prejuízo. Isso quando não é aquela confusão para saber quem gastou o quê, com sovinas e sóbrios enrolando a fila do caixa com valores ínfimos e confundindo o pobre do garçom.

Para resolver este problema, uma turma designers apresentou sua solução. Trata-se de um dispositivo que, na prática, nada mais é que uma máquina normal de pagamento com cartões de crédito e débito, mas com um diferencial sensacional: a máquina permite que várias pessoas passem o cartão ao mesmo tempo, e ainda possui um visor que exibe toda a conta da mesa e permite separar de forma clara o que cada um gastou.

A maquininha foi projetada por Jung You Chul, Her Miran, Lee Chang Ho, Lee Kiho e Shin Youngmi. Se chama Piece of Cake - por lembrar vagamente uma torta cortada.

fonte: http://meiobit.com/meio-bit/miscel-neas/rachando-a-conta



6 de dez. de 2009

Só por hoje


Hoje eu quero me destemperar de você e engolir os meus próprios pedaços

Hoje não vou planejar, não vou esperar...

Hoje eu acordei só minha e quero me comer de lado, de frente, de cabeça para baixo

Hoje as minhas unhas estão feias e o cabelo desgrenhado, mas o espelho mostra...

Mostra-me em essência; nua e crua




Hoje eu quero a diversão particular, quero cansar da minha própria presença

Quero sentir o líquido frio correndo pelo corpo morno, em um choque sem atrito

O hoje pede água do poço, pede a não rima

Que neste dia me sobre a incongruência

Que este dia seja um não dia





Hoje... hoje é domingo, pede cachimbo.





2006

5 de dez. de 2009

O Buraco do Meu Umbigo

Ilana Copque

Quer ponto mais central e crítico

30 de nov. de 2009

27 de nov. de 2009

Auto- isso


Eu sou a reta do pensamento sem fim, o nome indefinido, impróprio para maiores de 18 anos. Sou a vulgaridade escondida sob o olhar quase angelical, a neurose refletida no espelho. Ando de mãos dadas com a contradição, em um caso que ultrapassa os limites ilógicos. Em minhas veias corre o liquido viscoso da impaciência, carregado de minutos arrastados do meu relógio de instantes. Sou a música alta em um domingo tedioso e abafado. Sou o besteirol, a gargalhada maquiavélica contida em um sorriso apaziguador. Sou o isso, sou o aquilo. É só assoprar que eu danço. Danço, encanto-me. Preciso apenas fechar os olhos para me imaginar longe... ou perto. O suficiente me parece sempre insuficiente. Um único doce nunca me contenta.

25 de nov. de 2009

Mulheres : flores, formas e cores









© Ilana Copque/ DTCS UNEB Juazeiro

Zilma Tanajura/ participação: Chiteiras da Colina

Lenda


Lenda
Composição: Alec Haiat / Céu / Graziella Moretto

E tome tento
Fique esperto
Hoje não tem papo
Jogo-lhe um quebrante
Num instante
Você vira sapo
Bobeou na crença
Príncipe volta
Ao seu posto
De lenda...(2x)

Seu nome
Ri na boca do sapo
Sua boca...

Já tá feito
Tá mandado
O seu trono tá plantado
Fica acerca de mim
Seu nome
Na boca do sapo
Sua boca na minha
O resto é boi dormindo
Em história errada

23 de nov. de 2009

Pancada Grande






© Ilana Copque/ Costa do Dendê- BA

20 de nov. de 2009

18 de nov. de 2009

Ao ritmo do vento

© Ilana Copque


Faltava ar, faltava ar. Faltava a coragem e a pose de fria indiferença. Talvez aquele fosse o seu elo mais difícil de romper, nem a morte soava tão complicada. A aliança que lhe acompanhou por tantas aventuras, agora se encontra segura no fundo de sua caixa de lembranças. A marca do aro ainda reclamava sua atenção na mão direita, recordando o que seria impossível de esquecer. Suspiros de lamentação já não podiam resolver o problema, que de uma forma estranha ganhava vida própria. De outra perspectiva o fato não seria considerado uma problemática, mas para aquele relacionamento, era o fim. Era o fim, era a dor, eram os prantos da dúvida e ironia do destino. Logo ela, que só acreditava em números repetidos. Mas talvez os números tivessem lhe alertado; da última vez tivera sorte no jogo. Tinha que prestar mais atenção na matemática irônica de sua vida. Agora lá estava ela, tão perdida e confusa quanto os seus personagens. Mais uma vez o fim do fim, do começo. Mais uma vez a tentativa de afogamento do passado, uma inutilidade de rasgos de fotografias e rompimento com qualquer outro tipo concreto de recordação. Tal ato, no entanto, é válido apenas para os romances baratos. ela preferia guardar todas as suas lembranças, não se desfazendo de nenhuma delas, pois já eram parte de si, como parte dele era a sua própria carne, que ainda lateja pela separação, mas que vibra diante do efeito da liberdade. O cheiro dele no travesseiro aos poucos perdia a nuança eficaz que lhe dava a calma necessária para o sono de toda a noite. Agora falta a tranqüilidade, agora há críticas, pois todos se sentem no direito de interferir e se preocupar com a sua vida, mal sabendo eles que a vida dela nunca foi tão dela. E o que é o amor, afinal, se não discursos? Pois que se apaixonasse a cada novo dia, que ela se apaixonasse a cada dia novo, pelo novo, pelo sol, pela chuva... que ela voasse ao ritmo do vento.

13 de nov. de 2009

Aquele feriado




Ilana Copque/ Dunas do São Francisco

12 de nov. de 2009

Juro qua não fui eu














baby
vem viver comigo
no mundo dos negócios
traz o teu negócio
junto ao meu negócio
vamos viver do comércio barato
de poemas de amor

baby
o que mais importa
a poesia está morta
mas juro qua não fui eu
tudo à minha volta são reclames
desejos
vãos
e sóis
tudo à minha volta são reclames
desejos
vãos
e só

baby
vamos ao cinema
a vida é cinema
já vi esse filme
sempre o mesmo filme
canções de amor se parecem
porque não existe outro amor


10 de nov. de 2009

Por ai de novo

© Ilana Copque

Ontem eu não estava aqui, tão pouco me encontrava lá. Poderia dizer que freqüentei o lugar algum, mas o algum me pareceu tão longe, que antes mesmo de chegar eu já havia me cansado dele. Cansei do caminho, mudei de caminho, persegui o coelho branco que dizia estar atrasado. Coelhos de tamanco e cartola rosa, era só o que me faltava.


Quando dei por mim, a toca já não era a rota. Tic TAC, tic TAC aquele barulho infernal mais uma vez. Para onde foi o bendito ser orelhudo? A pedra rosada no final do arco-íres era minha meta, e lá estava eu a seu encontro no navio do Capitão Gancho, onde tomei chá pelo meu desaniversário. O chefe índio e a sininho eram convidados, e mais rápido do que imaginava cheguei a Utopia, cidadezinha do sertão baiano, onde encontrei a minha avó e a branca de neve pegando um bronze.

7 de nov. de 2009

Algo


A pele gritava, suplicante pedia o arranhão do afeto. As mãos deslizavam em uma dança erótica que deixava explicito todo o desejo implícito. A boca negava, mas os beijos surgiram sem aviso, e em rastros molhados descreveram o que não podia ser dito em palavras. Suor e tensão misturados entre lençóis, entre superfícies ásperas, entre o ser e o ser novamente, entre os sorrisos contidos e os olhares cínicos, que saciados gargalhavam. O céu do céu, além do céu. A terra dos sussurros, a voz anônima.

6 de nov. de 2009

Conceibeleziar

Beleza é um conjunto de experiências, cognitivas e mentais, que tem a ver com a relação estabelecida entre o homem e aquilo que este sente frente a um objeto tido como belo. Beleza é uma forma de nos relacionarmos com o mundo, é uma vivência singular. Quando falamos nesta, geralmente a relacionamos a uma qualidade, mas a beleza em si, expressa conteúdo.

Segundo Francisco Duarte Junior, beleza não tem a ver com formas, medidas, proporções, tonalidades ou arranjos pré-estabelecidos que definem algo como belo. Acabou-se o tempo em que os estudos ditavam regras estéticas. Beleza é de certa forma, um conceito “ideal”, um horizonte em direção ao qual caminham os objetos particulares que são belos. Tal idéia é como uma meta a ser atingida. Nenhum objeto encarna a “beleza pura”. Nenhum ato humano é plenamente a corporificarão de premissas como liberdade, justiça e amor. Nenhum homem livre é completamente livre. Os universais são pontos de referência, para um cotidiano concreto e sempre imperfeito. O conceito de beleza, portanto, abarca também toda a beleza não alcançada, aquela buscada através dos objetos belos que nos são oferecidos cotidianamente.

4 de nov. de 2009

2 + 2

Eu e ela, nós



Elas eram duas, mas se imaginavam quatro, quando exigia a brincadeira. No carro, em viagens longas, diante de uma imensidão verde, ficavam entediadas com toda aquela similitude infinita. Deitadas no banco traseiro do veículo, perna com perna, modelavam seus imaginários nas nuvens que acreditavam ser de algodão doce. Para infelicidade de ambas, a mãe lhes deu nomes parecidos, quase um anagrama. Todos as confundiam, eram quase gêmeas. Quase, se não fosse pelos dois anos de diferença. Lado a lado, como naquele instante, não pareciam tão iguais. As maquinações soavam paradoxais até para um estranho. No cotidiano, dividiam o mesmo quarto, compartilhavam as mesmas diversões, brigavam feito cão e gato, mas nunca ficavam sem se falar por mais de um dia. Choravam por motivos mesquinhos, berravam o mais alto que podiam para chamar atenção, disputavam beleza e o nome de um provável cachorrinho. Coitados dos pais se demonstrassem preferência.

28 de out. de 2009

Mar de dentro pra fora

© Ilana Copque

Que leve embora toda essa vontade exacerbada, não concretizada, e que já é à parte de mim..

25 de out. de 2009

Não leve a mal




Ando meio desligado..
Eu nem sinto meus pés no chão
Olho e não vejo nada
Eu só penso se você me quer

Eu não vejo a hora de lhe dizer
Aquilo tudo que eu decorei
E depois do beijo que eu já sonhei
Você vai sentir
Mas por favor, não me leve a mal
Eu só quero que você me queira
Não leve a mal (2 x)




Bem... apesar dos pesares, gostei da idéia do vídeo.

22 de out. de 2009

Augusto

© Imagem da Internet

Horário de pique em Salvador. Fazia apenas alguns minutos, que a agitação no centro da cidade, com um pontapé certeiro, havia atingido o Augusto. Quando abriu os olhos e se recuperou do sobressalto, já não era possível identificar aquele que tinha lhe atingido. Com as mãos ainda úmidas, devido à chuva da noite anterior, esfregou os olhos a fim de se acostumar com a claridade excessiva, daquele dia estranhamente ensolarado. Desde ontem não comia nada, e o som desafinado produzido pelo seu estômago, que reclamava, embalou uma noite iluminada por trovões. De forma vagarosa, Augusto se levantou. As pernas, com sinais explícitos de osteoporose rangeram. O corpo velho já não funciona como antigamente, quando ainda tinha fôlego para correr atrás de alguns trocados. Mal havia terminado de se erguer, e uma alma piedosa lhe jogou umas moedas que rodopiaram pelo chão, brilhando feito ouro vivo. Abaixo-se para pegá-las. 20 centavos. Tão era piedosa a alma, que arderia no inferno por fazê-lo se curvar por tão pouco. Ao levantar-se novamente, todos os seus ossos reclamaram o esforço excessivo.


O suor que salpicava o velho rosto se misturava com a sujeira encrostada de dias sem um banho digno. Com os pés descalços e os fios de cabelo cinza emaranhados, Augusto se sentou no primeiro banco público a vista. A essa altura do campeonato, os camelôs tentavam atrair a clientela apressada, com músicas de sucesso, apresentadas a todo volume. Aquela bagunça sonora, que um dia animou as manhãs de Augusto, agora não passava de um barulho desconexo e longínquo. Ele era meio surdo, uma lembrança desgostosa de um momento de violência e sufoco nas ruas.


Inquieto, o senhor, que nunca soube a data exata do seu aniversário, começou a sacudir uma lata com as duas moedas que ganhou há poucos instantes. Com aquele dinheiro, já era possível comprar um pão e apaziguar um pouco a tormenta da fome. No entanto, precisava de algo para produzir som, já não tinha forças para pedir. Implorou quase toda a vida, e foi por falta de opção. Não gostava da sensação humilhante.


Enquanto o tempo teimava em não passar, Augusto observava os prédios altos e as construções antigas. O mundo girava feito roda-gigante, e ele permanecia ali, admirando aquela paisagem nem um pouco moderna. Por instantes, esqueceu o quão invisível era para os transeuntes que esbarravam em si, e pareciam querer passar por cima de sua limitada figura. Sentiu-se um estranho naquela rua que era sua casa fria e nada doce. Olhou para o céu, queria afrontar a Deus. Esperou alguns minutos para ver se o soberano se manifestava, mas ele era medroso o suficiente para encarar uma pobre alma, em corpo sob a forma de carcaça. Só saiu do transe quando algumas moedas bateram no fundo de sua lata, fazendo-o esquecer o contato divino. Iria comer, enfim!


21 de out. de 2009

Caderno de instantes

© Ilana Copque

As folhas amassadas do meu caderno de instantes guardam palavras rabiscadas com o sangue pulsante que corre em meu corpo. As idéias ganham vida sobre a luz difusa do meu quarto bagunçado e repleto de memórias. A valsa escrita prossegue enquanto o tempo e as crises não me tiram o compasso. O conteúdo do bloco é visível apenas a mim. Tal demonstração de confiança é compensada com os meus mais puros devaneios. Guardo trechos de minhas confusões e falas de sentido maior, só pelo prazer de tê-los ao alcance de minhas mãos, caso a mente, saturada de outras lembranças, afundar algum fragmento precioso.



Obs: Pessoal, estou tendo alguns pequenos problemas com o blog, por isso não estranhem o sumiço de um post ou outro. Não é proposital. Abrs

19 de out. de 2009

15 de out. de 2009

89 primaveras


© Ilana Copque

© Ilana Copque

Hoje é aniversário dessa senhora linda, que é a minha avó Teresa. Não é todo mundo que completa longínquos 89 anos, por isso fica ai a minha homenagem a essa batalhadora piauiense, de um metro e meio de altura.

8 de out. de 2009

Tocos de lápis brancos

Ela desbrava o mundo com aqueles olhos translúcidos, que aplicavam cor a tudo viam. Saltitava de um lado a outro, pois um lado nunca lhe era suficiente. Precisava sempre inventar novos lados e novas brincadeiras. Não sabia explicar o mundo, mas o mundo constantemente pedia explicações. Um dia, entediou-se com os porquês, e com tocos de lápis brancos, pintou o mundo, e não o que o mundo via.



Imagem da Internet




2 de out. de 2009

Nos áureos tempos do Cine- teatro São Francisco


1968. Era noite na movimentada Rua da Apolo, na cidade de Juazeiro. Rosy Luciane de Souza Costa, em seu vestido de caça branco, olhava admirada as mudanças feitas no então reformado Cine- teatro São Francisco. O espaço exalava elegância com seu carpete rubro, fachada espelhada e funcionários muito bem apresentáveis. Os habitantes da cidade, em seus melhores trajes, lotavam os 900 lugares disponíveis, e aguardavam ansiosos o instante em que as cortinas de veludo vermelho fossem abertas. Todos queriam apreciar o filme Doutor Jivago, um clássico indicado ao Oscar.

Não era a primeira vez que a população local se encatava com o ambiente. O Cine- teatro São Francisco foi inaugurado em 1937, na cidade de Juazeiro. Habitual espaço de encontro, o cinema foi por um longo período um dos principais centros de sociabilidade no Vale do São Francisco. Nele, jovens marcavam encontros e famílias se divertiam com os filmes, peças e espetáculos musicais. Pessoa simples, que nunca ouvira falar em uma língua estrangeira, se interessava por estudá-la, citando inclusive algumas frases de efeito, como “Thank you”. A moda também foi influenciada e, as roupas dos atores e atrizes de Hollywood bastante reproduzidas pelos jovens.


Semanalmente, antes dos filmes, eram exibidos cinejornais com o resumo dos acontecimentos ocorridos no Brasil e no mundo, dentre eles os jogos de futebol. “As pessoas também iam ao cinema para se informar. Todos queriam ver os jogos do Flamengo. O cinema era um bem cultural e orientava as pessoas”, afirma Rivadávio Espínola Ramos, ex-gestor do estabelecimento.

Em 1968 o cinema passou por uma reforma que viabilizou grande conforto aos seus frequentadores. A projeção dos filmes passou a ser feita em uma tela panorâmica, onde em qualquer lugar o expectador podia ter uma boa percepção do material apresentado. Os assentos eram enumerados e, por um preço um pouco mais caro, o cliente podia assistir aos filmes na parte superior do edifício, onde as cadeiras eram mais confortáveis. Ao lado da sala de exibição havia uma área aberta com música funcional ambiente, destinada a diversão e àqueles que aguardavam as próximas sessões. Uma novidade que facilitou a saída do público foi a construção de portas laterais que davam diretamente na Rua da Apolo.


A maioria dos cinemas da época era também palco de espetáculos musicais, humorísticos e teatrais. Os principais artistas do Brasil rodavam o país se apresentando nestes espaços. Grandes nomes passaram pelo palco do Cine- teatro São Francisco. O maior fluxo de apresentações ocorreu entre 1950 e 1970. Alicio Figueiredo Gil Braz, empresário e apresentador, era um dos responsáveis por trazer os profissionais para abrilhantar as noites da cidade. Dentre estes artistas, pode-se citar: Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Ângela Maria (foto), Vicente Celestino, Orlando Dias, Waldick Soriano, Bartô Galeno, Luís Gonzaga, Sanfoneiro Abadias, Vanderlei Cardoso, Jerry Adriane, Reginaldo Rossi, Carlos Alberto, Cauby Peixoto, Trio Nordestino e algumas vedetes do Teatro Rebolado, a exemplo de Enesita Barroso.

Rosy Costa recorda a agitação local durante show de Roberto Carlos, que no auge da Jovem Guarda foi trazido à cidade. Naquele dia, o cantor foi escoltado em um calhambeque. A fila para prestigiar o evento dava voltas no quarteirão e foi necessária a presença da polícia para que a ordem fosse mantida. Os jovens, eufóricos, quase quebraram as cadeiras diante do embalo do espetáculo.

Com o surgimento e ascensão da televisão, seguida pelo vídeo cassete, o cinema aos poucos foi perdendo seu fiel público. O Cine São Francisco, apesar das tentativas de modernização, não resistiu à mudança dos hábitos sociais. Na década de 1980, Joca de Souza Oliveira arrendou o espaço à empresa baiana, Oriente Filmes. O grupo, no entanto, não conseguiu manter um fluxo frequente de pessoas e logo se transferiu para a Galeria Água Center, onde também não obteve sucesso.

As exibições cinematográficas aos poucos foram se moldando a uma nova lógica de mercado, que incluía locais de grande movimentação, onde as pessoas além de assistir aos filmes, pudessem ter outras opções de lazer. Por este motivo, na atualidade, grande parte dos cinemas está localizada estrategicamente em shoppings. A mesma Oriente Filmes que não fez sucesso em Juazeiro, mantém salas no River Shopping, em Petrolina.

No edifício do antigo cinema, funciona hoje as Lojas Maia. Recentemente, duas máquinas de projeção foram doadas, uma à Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), onde será recuperada e utilizada no laboratório de linguagens, do curso de Ciências Sociais, e outra ao Museu Regional do São Francisco, no qual ficará em exposição para o público. O equipamento, de marca americana Westrex, data mais de 50 anos. Como os filmes eram divididos em rolos, chegando muitas vezes a 15 deles, eram necessários dois equipamentos, manuseados por um operador atento, responsável por trocar um e outro, a fim de não haver descontinuidade durante as exibições cinematográficas.

Para Rivadávio, a importância da doação do maquinário está no fato deste “contar” a história do cinema na região. “É bom guardar uma coisa que marcou uma época tão forte. O cinema dos áureos tempos não é mais o de hoje. É importante guardar essas informações. Tomamos atitudes também baseado no que passou, muitas vezes copiando e melhorando. Não se pode ter educação sem história”, afirma o ex-gestor.

Por Ilana Copque
Fotos: Ilana Copque e Arquivo Maria Franca Pires

1 de out. de 2009

Piercing



Piercing
(zeca baleiro)

tire o seu piercing do caminho
que eu quero passar com a minha dor


pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
eu existo porque penso tenso por isso insisto
são sete as chagas de cristo
são muitos os meus pecados
satanás condecorado na tv tem um programa
nunca mais a velha chama
nunca mais o céu do lado
disneylândia eldorado
vamos nós dançar na lama
bye bye adeus gene kelly
como santo me revele como sinto como passo
carne viva atrás da pele aqui vive-se à mingua
não tenho papas na língua
não trago padres na alma
minha pátria é minha íngua
me conheço como a palma da platéia calorosa
eu vi o calo na rosa eu vi a ferida aberta
eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar
mas a minha mente boquiaberta
precisa mesmo deserta
aprender aprender a soletrar

Refrão

não me diga que me ama
não me queira não me afague
sentimento pegue e pague emoção compre em tablete
mastigue como chiclete jogue fora na sarjeta
compre um lote do futuro cheque para trinta dias
nosso plano de seguro cobre a sua carência
eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência
demência felicidade propriedade privada
não se prive não se prove
dont't tell me peace and love
tome logo um engov pra curar sua ressaca
da modernidade essa armadilha
matilha de cães raivosos e assustados
o presente não devolve o troco do passado
sofrimento não é amargura
tristeza não é pecado
- lugar de ser feliz não é supermercado

Refrão

o inferno é escuro não tem água encanada
não tem porta não tem muro
não tem porteiro na entrada
e o céu será divino confortável condomínio
com anjos cantando hosanas nas alturas
onde tudo é nobre e tudo tem nome
onde os cães só latem
pra enxotar a fome
todo mundo quer quer
quer subir na vida
se subir ladeira espere a descida
se na hora "h"o elevador parar
no vigésimo quinto andar der aquele enguiço
- sempre vai haver uma escada de serviço

Refrão

todo mundo sabe tudo todo mundo fala
mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
quem não quer suar camisa não carrega mala
revólver que ninguém usa não dispara bala
casa grande faz fuxico
quem leva fama é a senzala
pra chegar na minha cama
tem que passar pela sala
quem não sabe dá bandeira
quem sabe que sabia cala
liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
e não se fala mais nisso mas nisso não se fala

Refrão

29 de set. de 2009

Lolita






Lá estava eu, distraída, fotografando nem lembro mais o que. Loly entrou no meu caminho fazendo diversas poses. Difícil resistir. A iniciativa com certeza não partiu de mim. Ela tem vontade própria.


28 de set. de 2009

O Vale das Carroças



O dia de Francisca Suelda da Silva começa às 5h da manhã. Mãe de seis filhos, ela cuida da casa e das crianças antes de sair para o trabalho. Com vestes largas e o cabelo preso em um chapéu de palha, para evitar o calor e o sol forte, a jovem senhora, juntamente com seu marido, cata material reciclável pelas ruas de Petrolina. A carroça é o meio de transporte que proporciona a locomoção e renda da família.

Assim como Suelda, inúmeras pessoas no Vale do São Francisco têm como principal fonte de sustento os veículos puxados por animais, que representam uma considerável parcela dos transportes que circulam pelas cidades de Juazeiro e Petrolina. Apesar do barateamento de automóveis e motocicletas, para muitas famílias, que sobrevivem com menos de um salário mínimo por mês, é mais acessível e econômico ter uma carroça para executar os trabalhos diários.

O maior fluxo de carroças na região pode ser encontrado no mercado produtor de Juazeiro, espaço onde os carroceiros ajudam a embarcar e desembarcar produtos agropecuários. Lá, a Polícia Militar mantém um controle das carroças, por meio do emplacamento desses veículos e do cadastramento gratuito dos donos. A medida visa diminuir o furto de cargas, e inibir o trabalho executado por crianças e adolescentes. Apenas maiores de 18 anos podem se cadastrar. Aproximadamente 400 carroças tem permissão para circular no local, esclarece Adriano Amorim, comandante do Posto Policial do Mercado.


Esse tipo de transporte dispõe de pontos informais espalhados por Juazeiro, onde carroceiros se reúnem, e esperam a solicitação de algum trabalho. A mão-de-obra, nestes casos, é requisitada pela população que necessita de um veículo mais econômico. O valor do carregamento em caçambas ou em carroças custa em média R$ 60. No entanto, o carroceiro realiza quantas viagens forem necessárias para cumprir o serviço, sem cobrar por isso.


Hermelino de Miranda tem 65 anos e é carroceiro há 38. Ele se encontra diariamente no ponto de carroças em frente ao estádio Adauto Morais. Para Miranda, trabalhar com este tipo de veículo se tornou “um sufoco diário”. Com o carregamento de entulhos, ele consegue por semana, de R$ 40 a R$ 50, um valor considerado baixo se comparado ao que ele conseguia na década de 1980. “Eu tirava de R$ 150 a R$ 200 por semana”, afirma.

Atualmente, as lojas de móveis e supermercados possuem seus próprios meios de transporte. Há 20 anos, quem fazia este tipo de carregamento eram os carroceiros, o que aumentava o salário desses trabalhadores ao final do mês. Na região, muitas lojas de material de construção ainda transportam suas cargas por meio de carroças exclusivas.

Em Petrolina, o carroceiro Otacílio Leite de Carvalho, no ramo há 30 anos, acredita que o mercado já não é tão favorável como antigamente. Há 18 anos, ele negociava coco e tinha uma vida cômoda. “Se fosse hoje, eu seria rico. Nunca faltaria dinheiro no bolso. Agora, arranjar uns trocados está difícil”, complementa Carvalho, que, em algumas semanas de trabalho consegue apenas R$ 15.

A maioria das carroças é confeccionada por seus donos, no entanto, ainda existem espaços que comercializam o veículo. O animal preferido dos carroceiros é o burro, que não precisa comer ração e carrega mais peso que o jumento, o cavalo e o jegue. No Salitre, zona rural de Juazeiro, o burro pode ser comprado adestrado por R$ 60. Já na cidade, um treinado para dar ré e carregar peso pode chegar a R$ 1 mil. Bem cuidado, o animal de carga vive em média 10 anos.

No Vale do São Francisco, as carroças fazem parte de um cenário saturado por automóveis. Nas ruas das cidades pólo, os transportes motorizados e os puxados por animais se misturam, causando congestionamento, e evitando o fluxo regular do trânsito. Os carroceiros constantemente sofrem com os xingamentos dos motoristas. Contudo, apesar do contraste entre o novo e o primitivo, as carroças movimentam a economia na região. Por este motivo, sobrevivem até os dias hoje, gerando renda e emprego para aqueles que necessitam, como Hermelino, Otacílio e Suelda.

Texto e imagens: Ilana Copque

25 de set. de 2009

Comunicação

© Fausto Albertoni (nós + 2)

Éramos sete, sobreviveram cinco. De vez em quando voltavamos a ser um número par, acabavam os trabalhos, éramos impar novamente. No terceiro semestre, como não menos poderia ser: três, voltamos a ser seis, meu número da sorte. Em meio a discussões de relação, e trabalhos que levavam todo o nosso tempo, menos o apetite, sobrevivemos e sobrevivemos. Nas reuniões descontraídas, o que incluía nossos “agregados”, eu nunca ouvi tanta besteirol, nem tanto sangue jorrar dos cortes feitos pelas línguas afiadas. Na hora de pagar a conta, como perfeitos futuros jornalistas, levavamos todo tempo do mundo para rachar o prejuízo. É a comunicação... é a comunicação.