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21 de mar. de 2011

Por algo mais

Eu tento não me afogar, já me afogando nessa fossa de sensações. Por vezes busquei extinguir aquela imagem, mas o meu subconsciente acorda e dorme relembrando você. Estar perto reanima os detalhes que eu já havia asfixiado na banheira daquele indecoroso quarto de hotel, a 680 KM de distância.

Eu me apaixonei todos os dias da semana, só pra quando conversássemos pelo telefone a voz estivesse segura das mentiras que eu teimava em tomar como verdades absolutas. Transbordei copos e a minha mente com novas recordações, empurrei tudo o que queria esquecer para um fundo deserto e sem definição, um espaço entre o cérebro e o crânio. Diversas noites acordei assustada e sem saber o que fazer do dia seguinte, daquela hora, daquele exato segundo que havia acabado de passar, e do instante depois daquilo que seria. Eu sabia que se tratava de abstinência.

Nesses vários caminhos que percorri, encontrei outras tantas bifurcações, mas eram caminhos demais para vontade de menos. O peito parece que não mais se agita. Sinto que me falta o órgão que pulsa esse sangue que não é mais vermelho, pela falta de intensidade.

Mas eu ainda ando. Ando pelo chão seco e áspero, pelo asfalto, ando olhando tudo ao meu redor, presto atenção em todos os movimentos, até nos involuntários.  O vento na cara me recorda novas perspectivas, até consigo precipitar tudo... parando. Quem sabe ao acompanhar essa falta de ritmo eu consiga, em pequenos movimentos, fazer este corpo novamente se agitar e gritar aquilo que nem mais sei se sou.