Pages - Menu

31 de ago. de 2010

Pudera

"Nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços.
Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim, estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho, e pra seduzir somente o que me acrescenta.
Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta.
Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar...
Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou."

Maria de Queiroz

30 de ago. de 2010

Adeus você


"Adeus você
Eu hoje vou pro lado de lá
Eu tô levando tudo de mim
Que é pra não ter razão pra chorar"


Marcelo Camelo

25 de ago. de 2010

Eu entro nesse barco


"Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou (...). Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar.Re-amar. Amar."

Caio Fernando Abreu

24 de ago. de 2010

Ao som do silêncio



Hoje eu quero dançar o mundo.
Que os pés valsem ao som do silêncio,
ritmados por minha não concordância.
Que o vestido rodopie livre diante do vento frio da madrugada.
A essa hora até as almas dormem.
Que ninguém me veja,
Que ninguém quebre o encanto.

21 de ago. de 2010

Felicidade Realista

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão.

Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade..."

Mário Quintana


16 de ago. de 2010

O último girassol


Imagem da internet

Hoje eu encaro o último girassol, aquele que sobrou de um campo devastado. Que suas pétalas absorvam minhas lágrimas, diminuindo o peso do mundo, o peso do naufrágio. A infinidade do caminho a percorrer me deixa tonta, desorientada, mas eu tento começar de novo, reinventando-me a partir dos pedaços. Olho o espelho e encontro as marcas das antigas feridas, todas nesse dia latejam inflamadas, atiçadas pela recente e enorme chaga no peito. O rosto que encaro não me recorda em nada a garota que um dia acreditou ser mais feliz que os felizes, a sortuda com o bilhete premiado. Ela caiu na besteira de acreditar nos momentos, ela teve o seu momento e esperou por mais uma dúzia deles para alcançar o céu.. Vendo o meu irreconhecível reflexo, ponho mais uma pedra como ponto na minha interrompida história. Zero, eu escrevo aqui. Estaca zero!

Com um sorriso que surge rasgando a alma, encaro pela última vez a viçosa flor amarela. Que ela enfeite o tumulo coletivo com suas iguais, que morreram de esperança. Ao largar o girassol, em câmera lenta ele se une a terra onde as fantasias já não brotam, porém, talvez o vento ainda leve a sua semente a outro planeta.

15 de ago. de 2010

Berço

Auto-retrato


O que te incomoda me engorda

Se eu engordo te incomoda

O incomodo te deixa aborrecido

Talvez seja problema de berço