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25 de jul. de 2009

Devaneios


Ana havia acordado sobressaltada no meio da noite. O sonho penoso que acabara de ter, ainda atormentava os expressivos olhos amendoados. Sem um corpo morno que a amparasse naquele dia frio, a pele frágil reclamava a excessiva exposição às correntes de ar, que dançavam livremente pelo quarto muito bem mobiliado. Sem a menor disposição, levantou-se para fechar a janela.

No meio do caminho, parou e refletiu o estranho delírio que a anestesiava a poucos instantes. No belo rosto, capa de inúmeras revistas, era nítida a expressão confusa de irrealidade. Com os sentidos apurados, Ana sentiu toda a solidão do vazio. Cambaleante, arrastou-se até o banheiro. Foi em frente ao espelho, face a face consigo mesma, que avaliou o topo da montanha, o imenso e abismal, Vale das bonecas. Perdida em devaneios, a morena se perguntava de que valiam os sonhos, afinal, se quando realizados perdiam todo o encanto.

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