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30 de mai. de 2009

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Mudei-me para a toca em um dia ensolarado. A claridade excessiva quase me cegou. Era encantadora e agoniante a forma como a umidade do meu corpo se misturava ao clima seco e árido daquela cidade. Um belo balé de gotas fumegantes, brilhando diante da falta de vento.


Eu tinha uma quantidade mínima de moveis, dentre eles uma prateleira cheia de livros. A expectativa pelos novos amigos era grande, a vontade de ler era pouca ou quase nenhuma. O vazio se fez tão presente, que eu me sentia navegar em um oceano cheio de monstros ao deitar na cama. Por vezes fui resgatada pela música, bendito aquele que inventou o telefone.


Os dias foram passando junto com o ano. Fiz amizades, meu cabelo cresceu, adquiri o habito nômade e vivo daqui pra lá. Agora a toca não é tão vazia, divido-a com minha bagunça ordenada, esta já é crônica. A solidão existe somente quando o tédio e a saudade falam mais alto. No mais, divirto-me terrivelmente com a garota do espelho. É só fechar a porta que ela aparece.

2 comentários:

Luiz Vita disse...

Muito bonito. Gostei da frase "fiz amizade, meu cabelo cresceu". Mostra o tempo passando de forma lenta nas coisas do dia a dia, mas não de forma dolorosa. Você escreve muito bem.

Ilana Copque disse...

Com certeza de forma não dolorosa. Como eu falei no post anterior, posso acreditar que nos meus caminhos sempre vão haver buracos, mas sempre posso saltá-los. ;)